“Out of sight, out of mind”, será mesmo?

Pare e pense um pouquinho em todas aquelas coisas que a gente faz de conta que não vê, ou que deixa para depois e se engana pensando “outro dia eu vejo isso!“. Aquela conversa tensa que está postergando, aquele auto cuidado que tu sabe que é importante e tu está deixando para depois; aquele protetor solar que tu sabe que precisa mas está lá na prateleira; aquela doença de pele, aumento de peso, queda de cabelo… que estão ali, e que podem sinalizar outras coisas, mas a gente finge que não vê pois não estão causando problemas; ou ainda, aqueles cuidados que a gente sabe que precisa ter para evitar que tendências genéticas realmente causem alguma disfunção e pensamos: ah, quando isso acontecer eu vejo, não vou me preocupar com isso agora!

É o famoso “Out of sight, out of mind” ou “o que os olhos não vêem, o coração não sente”, mas será que não sente mesmo?

Será que, na verdade, essas questões são, na verdade, o nosso “dodói”, e inconscientemente “empurramos com a barriga” para não ter que lidar com isso?

Vou dar um exemplo pessoal: tive trombose na perna direita há 12 anos atrás, junto tive embolia pulmonar nos dois pulmōes. No hospital e logo depois, fiz exames genéticos e de todo tipo, e a possível causa foi o uso de anticoncepcional por 8 meses, mas sem certeza disso!

No dia que saí do hospital, o médico pegou na minha mão e falou: “eu não sei como tu tá viva, mas tu tá aqui, então aproveita!”. Eu poderia ter ficado com sequelas pulmonares, ter falta de ar, tosse… e nunca tive nada! Mas a situação mexeu comigo, obviamente! Depois disso corri atrás para reduzir o peso corporal e ajudar a circulação, e vida que segue!

Desenvolvi uma sequela na perna onde ocorreu a trombose, tenho uma fibrose bem grande (uma placa dura na pele), coceira, dor, pele manchada, varizes, muito edema e risco alto de abrir úlceras! E o que eu fiz quanto a isso? Escondi! 

Até fui em um médico que não deu importância, mas depois passei a não olhar para a região. Eu fazia de conta que nem tinha perna! Só lembrava dela quando precisava mostrar, usar um vestido, algo assim… Mas como? A perna estava ali, visivelmente inflamada, eu sentia ela ali pulsando, dolorida, mas eu não via, pois o que está fora da vista, está fora da mente, ou não… 

Em uma drenagem, a Jana tirou uma foto das minhas pernas. Quando eu vi, era como se estivesse olhando outra pessoa e pensando “como ela deixou ficar assim?”. E eu deixei, pois ao não olhar, eu não precisava confrontar meus medos, meus problemas, e não precisava me movimentar, olhar para mim para melhorar.

Foi a solução mais cômoda, mas ao mesmo tempo muito mais trabalhosa. Hoje preciso ter muito mais cuidados, preciso “correr atrás do prejuízo”, estou lidando com sequelas mais graves, fazendo muitos exames e consultas, usando medicação, meias compressivas, consegui achar um médico que achou o problema na região e vou fazer um procedimento para melhorar… se eu tivesse batido de frente com o problema antes, teria cuidado com constância e não teria virado uma bola de neve!

A gente sempre vai arranjar uma desculpa ou um culpado para as coisas que deixamos para depois ou que “não sabíamos” que precisava de atenção. Eu cheguei inclusive a colocar a culpa no médico que fui no início e que não deu bola para o meu problema, mas, por que eu não procurei outra opinião, estudei o meu caso, usei a meia compressiva, fiz os exercícios na água que são mais indicados?

Eu sabia o que fazer, mas ao fazê-lo, teria que bater de frente com o problema, aceitar que eu e minha circulação precisamos de atenção, que preciso tirar um tempo para me cuidar, maternar a mim mesma.

O que a gente faz de conta que não vê geralmente é aquilo que mostra nossas fragilidades, que supervalorizamos e que mexe com o nosso medo: medo do problema, do envolvimento, de expor as nossas fraquezas e até de pedir ajuda!

Digo, por experiência própria, que o que os olhos não vêem, o coração tá ali, sentindo, pesando, e que dar atenção e cuidar de si, lidando de frente com as questões que nos assombram, deixa o caminhar da vida mais leve, mais calmo e seguro. O monstro, muitas vezes, é muito maior na nossa cabeça!

Se tu tem questōes embaixo do tapete (e a gente sempre tem), aos poucos, vai te fortalecendo e procurando soluções, pede ajuda, lembra de tudo que tu já enfrentou, e bate de frente com as fragilidades. Tu pode e deve cuidar de ti, iniciar aqueles cuidados que “tomam muito tempo”, ou que “agora não dá”, ou ainda o que tu nem puxa lá da memória para não doer. Talvez se tu lidar com a situação, resolver, digerir, tu vai perceber o quão bom fora essa decisão!

Eu? Eu tô olhando para mim, tendo todos os cuidados, usando a meia compressiva, que acho horrível e detesto usar, mas já estou até ficando amiga dela, até estranho quando não uso, e ando pensando que sou esperta e não vou ter tantas varizes mais adiante e que a sensação das pernas leves no fim do dia é fantástica (bobo é quem não usa, hehehe). Estou curtindo o processo de abraçar a minha fragilidade, fazer carinho nela e superar tudo isso!

 

Júlia Schuch

Biomédica Esteta – CRBM-5: 5339
Publicado dia 23/02/2022
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